Há palavras e ideias que depois de as descobrirmos nunca mais nos "livramos" delas. Assim foi com as de Mia Couto ("... em meio da vida sempre se faz a inexistente conta: temos mais ontens ou mais amanhãs?") que descobri em Terra Sangrenta. Em diversas situações me volta à memória este dilema: temos mais ontens ou amanhãs?....a bem da sanidade mental o melhor é não pensar muito nisso, mas a verdade é que ontem quando percorria as ruas Braga esta ideia me surgiu de novo na cabeça, não como paradoxo Vida vs Morte, mas de um prisma diferente. Estava a acompanhar a actuação dos Bomboemia, (Grupo de Percurssão da Universidade do Minho) no âmbito do 1ª dia de Braga Capital da Juventude 2012 e dei por mim a reparar em como eram jovens os artistas e que empenhados e divertidos me pareciam. Lembraram-me os tempos de faculdade e de repente surge a questão: mais ontens ou mais amanhãs da seguinte forma: a minha ligação à faculdade está mais próxima dos meus tempos de faculdade ou da faculdade da minha filha? Susto susto muito grande, a verdade é que já estou mais perto da faculdade da minha filha do que da minha. Os anos passam tão depressa, mas a ideia de estar daqui a alguns anos a ver a minha filhota num grupo como os que vi ontem pela cidade bracarense só me traz luz.
Até lá vou aproveitar bem cada dia; provavelmente pela altura da faculdade a minha filha não me vai puxar, como fez ontem, para a primeira fila do espetáculo inaugural da CEJ 2012 (mesmo coladas às barreiras e debaixo de chuva), mas estarei lá para A ver onde quer que esteja, tenha eu mais amanhãs ....
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