Estava eu a aguçar os lápis de cor da filhota, quando me dei conta da palavra aguçar e aguça. A primeira vez que ouvi esta palavra foi numa aula de matemática. A Professora era do Norte. Eu não. Nunca me esqueci da aguça, mas estava longe de imaginar que um dia eu a utilizaria, a palavra, como se sempre a tivesse conhecido.
A aguça (afia, ou afiadeira) é uma das muitas palavras que me habituei a dizer, com muito gosto, desde que vim para o Norte. Aquela que mais gosto me deu adoptar foi não uma palavra mas toda a expressão: "à minha beira"; senta-te à minha beira; deliciosa. Nos meus lados de nascença a única beira que eu conhecia era a da estrada, e para dizer à minha beira dizem- dizemos, os do Meu Oeste, ao pé de mim.
A única vez que eu disse à minha filha para me dar uma coisa que ela tinha ao pé dela ela perguntou-me o que é que tinha no pé.
São muitas as palavras que aprendi desde que vim para o Norte. Algumas são muito diferentes e até estranhas, mas como diz o poeta, depois entranham-se.
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